segunda-feira, 6 de julho de 2015

PESCA LÚDICA & PÚDICA

Num passado recente era possível dizer para a companheira: oh Maria põe a frigideira ao lume que vou à costa apanhar peixe para o almoço, não me demoro, e era certinho volvidos uns minutos lá estava o peixinho pescado para um almoço reconfortante! Por cá, sempre foi assim, desde o meu tetravô até ao tal passado recente que referi . Viver na Ilha rodeada de mar por todos os lados sempre foi o modus vivendi de todo o ilhéu, retirando do mar complemento para a família em particular na costa, a mais acessível a todos, bem, refiro-me ao povo que moreja o pão de cada dia, os ricos obviamente compram tudo já feito, e neste particular do peixe regalavam-se a comer a troco de uns centavos e da boa fé da escrava mulher do pescador que ainda lho cozinhava e colocava no prato a troco das espinhas. A "evolução " processa-se à velocidade da luz, e também chegou à pesca no calhau, perdão, (pesca lúdica) que muito pobre confunde com pudica e com enorme carga de razão, vai dar tudo no mesmo .
Vejamos, o peixe desapareceu, foram entretanto criadas leis para a sua proteção e fez-se "trinta por uma linha" e o peixe nada . Como foi possível acontecer tal coisa ?! Será que o meu tetravô foi culpado ?! Ou foi o pobre que "secou" os nossos mares com a pesca no calhau !? Os ricos não foram de certeza ! Então quem foi !?
De entre um enorme conjunto de factores que contribuíram para este estado de "fuga" piscicola, existem alguns perfeitamente identificados, assim temos : o terror da poluição oceânica proveniente das lavagens de grandes petroleiros e outros que utilizam os nossos mares como cagadeira dos oceanos, com uma liberdade surpreendente, claro que não dispo-mos de meios de fiscalização, e eles sabem isso, não existe por parte dos sucessivos governos interesse prioritário em minimizar a questão dentro e fora da ZEE, portanto, sem delongas eis um dos resultados ! As licenças para redes de emalhar foram e continuam sendo um dos motivos da depredação, mais licenças para o mergulho em apneia (tipo selva Africana) em que cada caçador procede a seu bel prazer sem temer qualquer tipo de fiscalização aos seus troféus pois já tem manha, sabem muito bem a que horas dormem e acordam as autoridades competentes se surpreendidos deixam escapar o pecúlio " inocentemente" para recuperar poucas horas volvidas! É surpreendente como actuam à meia dúzia entre os calhaus, na maioria dos casos tomando pé, obviamente o que escapa nesse dia é caçado nos dias subsequentes. Outra calamidade, as leis, "protectoras" lançam a confusão e não protegem absolutamente nada porque são dirigidas sempre aqueles que estão visíveis sobre um calhau qualquer pescando com isco e anzóis ! Tenham santa paciência os senhores legisladores estão a cometer um erro crasso não são nunca foram nem seram, os pescadores com cana e anzol que contribuíram para este estado deplorável a que esta situação chegou mas sim os verdadeiros predadores mesmo nas vossas barbas, esta é a realidade constatavel para quem não é cego, sei que vos custa admitir a realidade, não façam mais pagar o justo pelo pecador ou perdem a razão com as consequências nefastas inerentes de continuada depredação pelos mesmos culpados de sempre. Enquanto um atuneiro fazia isco entre os calhaus frente à antiga fábrica do peixe capturando uns bons milhares de chicharros um pescador "ludico" com a sua cana e anzol pescou quatro espécimes nem um mais, ainda enquanto tudo isto decorria um mergulhador "encalhava" na Praia de Porto Pim, serenamente com um avantajado saco de polvos decerto pesado, a julgar pelo esforço . Baías enseadas são locais de desova e de multiplicação que nenhum anzol consegue destruir, porém estes mergulhadores sem qualquer escrúpulo podem faze-lo em tempo recorde . Que se criem leis sim contra os prevaricadores reais, e se liberem aqueles que não provocam prejuízo algum com uma cana na mão.
Continuem a chamar "pesca lúdica" para turista ouvir ! Eu chamarei realisticamente de pesca pudica ... de facto !

(Texto de opinião pessoal e colectivo protegido por copyright)
O autor não utiliza o acordo ortográfico
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