quinta-feira, 18 de julho de 2019

DEIXA ANDAR QUE LEVA AZEITE

DEIXA ANDAR QUE LEVA AZEITE

Desde tenra idade que escutei esta frase, da boca do meu sábio guru e amigo António, sempre que qualquer assunto que não interesse ao próprio venha à  baila. Na circunstância, a Praia de Porto Pim, interdita a banhos, porque só agora foram detectados na areia micro organismos supostamente nocivos à  saúde humana. Entretanto nela se rebolaram, brincaram, crianças e idosos vítimas inocentes da indiferença a que este governo Regional nos mantém subordinados. Na prática responsável, o mínimo exigível seria uma análise antes do início da época balnear e constante monitoramento durante a mesma. A irresponsabilidade é grave, em qualquer situação, mas quando se trata da saúde pública não tem perdão. Deem-lhe as voltas que derem a saúde será sempre a prioridade das prioridades de qualquer governo que preze o bem estar dos seus cidadãos, para o dos Açores está no último nível das necessidades. Ao elevado grau de poluição visível, acresce o invisível vindo do mar, da terra, do ar, sem qualquer solução na prática, simplesmente porque se entende dourar as algemas com o azul das hortênsias, o pasto verde, a felicidade das vaquinhas, a abastança de um mar sem peixes, os pôr-de-sol, borrados de photoshop (maioria), os tons venezianos das imagens que se passam para inglês ver, na idiotice de uma aglutinante massificação turística que, em vez de paraíso, se transforma vertiginosamente num inferno de choro e ranger de dentes de todos os que de boa fé acreditaram na redenção do turismo como único colete salva-vidas da nossa prosperidade.
As reconversões da casa dos Dabney, ali mesmo à beirinha da baía  de Porto Pim, o aquário, a Fábrica da Baleia, seriam obras louváveis, não fora a ausência de estudos geológicos na sua concepção, foram construídas fossas sėpticas com vasamento sobre uma das rochas mais permeáveis que existem, como resultado o cheiro nauseabundo de fossa naquela área é insuportável. A cereja no topo do bolo poluítivo está patente nas águas da baía antes límpidas, agora lodosas. Porquê, nesta mesma baía, desapareceram ouriços, e tantos elementos naturais da fauna destas águas ? ! Alguém se interessou pelo fenómeno ? ! Tristes, delapidados, persiste-se no sonho da contemplação do vai-vem das marés também elas eternas noivas em núpcias de rendas vestidas nestes vendavais de poluição e inércia do deixa andar que leva azeite.

Vitor Jorge