FRIEIRAS NO VERÃO
Um autarca renitente e eleitoralista, um governo regional caquético, são os ingredientes desta pandemia local em pleno verão que naturalmente surge no inverno. As alterações climáticas são um facto consumado, se lhe juntarmos um punho rosa recheado de incompetências, como resultado final temos frieiras pandémicas com feridas purulentas que inevitavelmente infetam a sociedade Faialense com danos irreversíveis a todos os títulos, sem dó, mas com ré-mi-fá-sol-lá-si, para alegria de totós que reservam para si um direito inalienável: o de não pensar em coisa nenhuma. São os eleitos.
Em consciência todos concordamos que para construir ou reparar tem que se fazer obras. Qualquer obra demora mais ou menos tempo na sua concretização, também aqui a concordância generalizada, mas quando a sua programação e cálculos falham por redundância oportunista e eleitoralista, aplica-se a lei de Murphy: "se algo pode dar errado vai dar errado". É o caso! Os Faialenses continuam submetidos aos prejuízos e sevícias patrocinados pela total desordem camarária na pior época do ano. À guisa de panaceia previna-se com uma embalagem de pomada Thrombocid, quando se deslocar a pé, torre o dinheirinho das férias em combustível nos infindáveis desvios e reze um terço por chegar viva(o) a casa após a odisseia. Dê graças por ter um fio de água "potável" na torneira para o cafezinho, tome banho de mar, almoce e jante no "refeitório municipal", e pragueje até que a voz lhe doa, são carícias que os nossos autarcas lhe agradecem com o destempero altaneiro das frieiras eleitoralistas. Os dias são de festa rija, do medo nasceu o pânico ataviado na surdina das amenas cavaqueiras de todos os dias. Enquanto isso, os dias sucedem-se às noites na sua intemporalidade irreversível, como irreversíveis são as situações gritantes dos Faialenses a cada alvor mais pobres nas suas justíssimas ambições de progresso e bem-estar, ora vejamos a primeira página de espesso volume: o amianto afinal é "benéfico" para a saúde, o hospital da Horta continua uma pantomima, a Sata "Air Azores" bateu o recorde das bravuras dos heróis das bandas desenhadas do Super Homem, Batman, Capitão América, e Lucky Luke, o aeroporto da Horta permanece um apeadeiro aéreo sem hipóteses de "aumento de extensão", as redes viárias da ilha degradam-se ao ritmo natural da deficiente pavimentação, os turistas protestam em terra, divertem-se no mar, que já grita por obras, a unidade do triângulo perdeu-se, expectante no Sebastianismo utópico. Residentes e turistas sofrem na carne os prejuízos, e a desilusão de mais um verão perdido neste eczema de frieiras eleitorais, cuja profilaxia de cura será sempre o voto consciente da mudança nas alternativas válidas já anunciadas. Diga não à fome feroz das frieiras por quatro invernos e verões. Tome o gosto de uma liberdade responsável progressista e participativa. Há alternativas.
Vitor Jorge
04/08/2017
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