Os Bárbaros e o progresso
Numa Ilha de
173, 1 km quadrados de superfície rodeada de mar por todos os lados, cerca de 15 000 pessoas habitam esta nesga de terra, com sérias tendências de redução de áreas onde os seus habitantes tenham pleno direito à lógica do livre acesso e usufruto do território que é propriedade dos seus habitantes que pagam alto preço por esse benefício: viver numa ilha, é sonho, poesia, romance, assente sobre a natureza num harmonioso contraste terra - mar desde os primórdios, as nossas gentes sempre labutaram o seu sustento nestas duas áreas naturais, sem constar empírica ou cientificamente qualquer tipo de delapitação da sua fauna e flora ambientais quer em terra quer no mar. Provas disso: caçaram-se cachalotes, golfinhos, pescaram-se atuns e todas as variedades de peixes consumíveis na alimentação, caçaram-se cagarras para engodo e isco; nenhuma destas espécies esteve alguma vez posta em causa de extermínio, idem para as aves migratórias que jamais nos abandonaram. Os consumos foram sempre metódicos e coerentes durante muitos séculos e outras tantas gerações que sobreviveram em consonância responsável com o ambiente; face há actualidade somos forçados a atribuirmo-nos uma classificação indigna de bárbaros. As circunstâncias políticas em que o país viveu não promoveu o desenvolvimento e por conseguinte o progresso necessário. A adesão à União Europeia foi o primeiro passo para uma política vocacionada ao progresso que se supôs igualitário quase "milagroso", porém a realidade nostálgica e ignota esfumou-se nos subsídios para não se produzir ou fazê-lo sob tabelas impostas pela mesma União cuja finalidade e objectivos só agora tem visibilidade negativa, na corrupção e interesses dos grandes banqueiros. Eis que entramos na "era do progresso em alta escala de abundância" do salve-se quem poder e da anarquia de gestões ruinosas dos nossos recursos ilhéus imparáveis, a tão apregoada autonomia e unidade Açoriana nunca existiu, a capital continua sediada em São Miguel apesar dos esforços de manobras de diversão conseguidas e continuadas na submissão estagnada e estupidificante deste povo que persiste em ser espoliado na constante degradação do seu modus vivendi: a pobreza explodiu, dando lugar à anarquia, vale tudo para sobreviver, idealizam-se proibições, interdições sem sentido, que incitam à contrafação e ao descalabro total dispensável. As nossas riquezas marinhas estão reduzidas a quase zero, o pescado eleva-se a preços exorbitantes bem como a carne, proibitivos ao consumidor sem poder de compra, enquanto isso, nenhum pescador vai além da miséria, nem os productores de carne saem da cepa torta. Em agonia aposta-se na venda de um destino turístico em que lucram os mesmos de sempre (São Miguel) as restantes ilhas ficarão à mercê das migalhas e do turista falido.
A persistente e constante gestão ruinosa de todos os governos pós autonomia são a causa que culmina com a actuação do governo actual visivelmente incapacitado de ter uma atitude progressista igualitária e libertadora para com este povo que cumpre com os seus impostos na cega espectactiva sebastianista de que surgindo das brumas haverá uma divindade que lhes valha, na imprevisibilidade dos tempos.
Vitor Jorge
06/03/2016
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