Chove a cantaros!
Mulher de porte elegante desafiando idade ignota, vestido com motivos floreados, toca de banho na cabeça, sandálias de cunha alta, está sentada sobre pequeno muro encharcada. Cruzo-me com ela na minha caminhada matinal acompanhado do meu fiel amigo. Com delicada vénia dirijo-lhe os bons dias, obtive como resposta o insulto rebarbativo: é preciso ter lata, lá vem este com esta porcaria sujar tudo, detive-me e como resposta exibi os sacos de plástico que sempre me acompanham com o objectivo de limpar qualquer sujidade provocada pelo meu cão. O resultado foi nulo, a senhora prosseguiu nos seus impropérios subindo o tom ofensivo de mulher mal fodida. Ignorei, prossegui a caminhada limpando como sempre os dejectos do meu companheiro. Invulgar será permanecer sentada debaixo de chuva intensa com uma touca de banho na cabeça, ou talvez não, quando a psique humana sofre transformações imprevistas, também posso ser vítima, daí a minha compreensão para com a situação vivida hoje.
Vitor Jorge
04/09/2017
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Comentário:
Maria Kurtenbach:
Mais uma bela descrição duma cena da vida diária, digna dum Du Bocage,sátira inteligente, nas palavras dum Humanista como o meu grande amigo Vitor.