quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

DEZEMBRO ARBITRÁRIO

DEZEMBRO ARBITRÁRIO

Já as mais antigas civilizações celebravam o mês de Dezembro como um importante rito de passagem, tendo como ponto alto do mês o Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano, que acontece por volta do dia 21 e que celebra o nascimento do deus Sol, sendo que os dias vão crescendo progressivamente a partir dessa data. Dezembro  é portando um mês  abarrotado de peculiaridades e incoerências criacionistas que o elegem como o mais apetecido dos meses, enquanto a realidade é bem mais pungente. As chuvas intensas marcam presença, os frios instalam-se, muda-se de vestuário próprio da estação, o sol preguiça nas manhãs, caminha num percurso ténue  e corre apressadamente para o seu ocaso. Surgem os estados gripais o agravamento das dores reumáticas, e de tantas outras relacionadas com a finalização do ciclo anual sempre prenhe de esperanças rotas, de promessas adiadas, de verdades dolorosas, mal digeridas nas longas noites de fastio e insónias incolores nos espaços metafísicos em que somos colocados pelos mitómanos que nos ousam governar.
Balanços feitos, os ordenados resultam aquém da elasticidade, sobrevive-se cortando nos bens de primeira necessidade alimentar, bebe-se àgua pela moringa para empurrar a mão cheia de comprimidos que diluiram o organismo, o ordenado, a magra pensão, a um epigrama de vida. Não gosto do mês de Dezembro. É sem dúvida um mês pífio, nos balanços anuais dos excluídos dos direitos humanos, e de todos os que clamam dignidade merecida no fluir de trezentos e sessenta e cinco dias nas órbitas dos perversos e inveterados mitómanos da humanidade .
Como corolário é também em Dezembro que soam as trombetas apocalípticas do capital: compra, consome, adquire, oferece, sacrifica-te, paga em suaves prestações... Natal! Não gosto do Natal! A festa orgástica do consumismo, da desigualdade, da negação do espírito da efeméride do nascimento de um homem pobre moldado a ouro fagueiro.
Luzes multicoloridas dos escaparates refletem-se nas lágrimas geladas de milhões de olhos ávidos de pão, de calor humano, camuflados pela ostentação selvagem e o desperdício observam em silêncio os despojos da batalha natalina capitalizada ao infinito.
A singeleza dos natais da minha infância não voltam, com ela partiram todos os que me ensinaram a comemorar com alegria  a união familiar, onde o paladar de um simples rebuçado tinha um valor simbólico de saciedade até ao próximo.
É importante lembrar  que muitas vezes o simples encontro entre famílias, e pessoas com predisposição a amizades sinceras com demonstrações de amor, carinho são suficientes para preencher o espaço de um presente.
Tenha a certeza que, a longo prazo, a sustentabilidade humana no planeta depende mais do afeto entre as pessoas do que de um mercado consumista! Que tal nos propormos à universalização da amizade genuína em todos os dias de todos os anos, com a paz como mediadora da concórdia entre os homens de boa vontade. Este é o meu enorme espírito Natalício. Defina o seu.

Boas Festas

Vitor jorge

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