À PEDRADA
Naquele tempo escribas e fariseus trouxeram à presença de Jesus uma mulher surpreendida em flagrante adultério, que segundo as leis de Moisés teria que ser apedrejada como punição do acto. Instaram Jesus a pronunciar-se sobre a questão, mas Jesus não estava para aí virado, escrevia com o dedo na areia, um método inteligente de fugir a questões pertinentes. Porém os tipos, que eram uns chatos do caraças, insistiram, ao que Jesus respondeu: o único de vós que não tiver pecado lance-lhe a primeira pedra, e continuou a escrever com o dedo na areia, talvez a redigir este ou outros erros bíblicos mais tarde impressos por Gutenberg.
A sós com a mulher adúltera Jesus perguntou-lhe se a corja não a tinha punido, ao que ela respondeu negativamente, então Jesus sentenciou: se eles não te castigaram eu também não o farei, e mandou a aflita dama em paz, desconhece-se no entanto se lhe terá recomendado mais recato nas futuras celebrações do corpo. Século XXI, a história repete-se, não com uma mulher, mas com um povo inteiro.
Os escribas e fariseus do governo regional dos Açores, desataram sem dó nem piedade, menos capacidade governativa, a lançar pedras por tudo o que é sítio e recanto: novo matadouro da Horta, placas, plaquinhas, plaquetas, e outras coisas de tretas, enquanto o essencial, o fundamental se degrada no tempo, por ter sido escrito na areia das cabeças que lhes deram o voto solene. Para progredir à que concretizar cada área, começar não acabar é o ponto de desordem deste governo regional. Cito apenas algumas áreas: Saúde e Coesão Social, Educação e Empregabilidade, Inovação e Investigação, Economia Tradicional, Economia Emergente, Qualificação da Democracia, Crescimento Sustentável e Coesão Territorial, Projeção Externa dos Açores, Atractividade Regional, Reforma de Autonomia. Apenas estes pontos sugeridos no boletim do governo regional "Prestar Contas". Nenhuma destas áreas governativas está condignamente actualizada em consonância com as realidades e necessidades do povo Açoriano.
Consolidar responsavelmente cada uma delas é o mínimo exigível num processo democrático comprometido para com o eleitorado. O povo sofre as consequências graves destas "meias de leite" simultaneamente alvo do lançamento de intensa e perfeitamente dispensável chuva de pedras como punição anacrónica.
No parlamento, e fora dele, há vozes coerentes que insistem e persistem na regulamentação democrática deste desnorte. São a voz do povo que sofre as realidades das "passas dos Algarves" que continua comendo o pão que o diabo amassou no silêncio dos medos, de uma subsistência falida de direitos fundamentais onde se arrancam a ferros deveres a uma pobreza que retira da boca para fartar injustiças sociais.
Humanos já não somos! Apenas um número, parte de uma equação matemática esquematizada escrita com o dedo nas areias dos nossos desertos de incertezas quotidianas.
"Coesos e unidos, e preservando a estabilidade social e política, somos capazes de avançar em nome do futuro dos Açores". Palavrões do actual presidente do governo regional dos Açores que ofendem e ferem profundamente todos os Açorianos apedrejados inocentemente, mas com um pecado sem remissão. Votaram PS.
Vítor Jorge
15/07/2016
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